quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Análise de redação: Informações “off line”

Seguem agora os comentários sobre a redação publicada aqui.


Tema: A internet como fonte de informação
PROJETO DE TEXTO
Introdução
Primeira etapa: falar sobre a necessidade de aquisição de conhecimento e dizer que a internet é um importante veículo para acesso a informações.
Segunda etapa: Dizer que, apesar da relevância da internet como propagadora de informações, é importante que as pessoas saibam utilizá-la de maneira inteligente, sabendo identificar quais informações são confiáveis.
Enquanto a primeira etapa é utilizada para iniciar o assunto de maneira ampla, a segunda apresenta de maneira clara qual será a abordagem do autor sobre o tema.
O advento e a evolução dos meios de comunicação, aliados a sua ampla distribuição, transformaram o mundo em uma aldeia global, na qual os fluxos de informação espalham-se livremente. Manter-se atualizado e deter conhecimento dos mais variados tipos é, e sempre foi, extremamente útil para a formação de uma identidade e para o desenvolvimento de um senso crítico. Entretanto, antes de buscar informações, é imprescindível criar filtros  capazes de discernir as realmente úteis e construtivas das especulativas e falaciosas.

Desenvolvimento
D1: Primeiro, falar sobre a aquisição de conhecimento antes da internet e depois dela. Finalizar o parágrafo, dizendo que hoje qualquer pessoa dissemina o conteúdo que quiser, muitas vezes, sem nenhum embasamento.
Atenção: Ao final do parágrafo, o autor cita diretamente a fala de Stephen Kanitz, apresentada em um dos textos de apoio. O problema é que essa citação pode não ser bem vista por algumas bancas, uma vez que houve cópia direta do texto motivador. É claro que a citação não foi inserida por falta de competência argumentativa do candidato, pois é possível perceber que as ideias do parágrafo são consistentes e que a citação serviu apenas para fortalecer o que já havia sido dito. Ainda assim, minha sugestão é que isso não seja feito. Minha orientação, inclusive, é que não sejam utilizadas as aspas para apresentar um testemunho de autoridade. É possível citar as ideias de alguém com as nossas próprias palavras.
Até a popularização da internet, o conhecimento era buscado predominantemente nos livros. Por meio deles, podia-se imediatamente checar se o autor (e por extensão tudo aquilo veiculado por ele) era digno de confiança ou não. Contudo, vive-se hoje a era digital, na qual as informações encontraram na “Web” um meio rápido e prático de se difundirem. Nesse contexto, qualquer usuário torna-se um escritor em potencial, livre para publicar o que bem entender, “como se opiniões não precisassem se basear no rigor científico antes de serem emitidas”, conforme elucida Stephen Kanitz, colunista da revista “Veja”.

D2: Falar que, apesar de tanta informação não confiável disseminada na rede, é preciso também destacar o outro lado da questão: a internet proporciona acesso a conteúdos importantíssimos e de muita qualidade.
Atenção: nesse parágrafo, quando o autor cita a Biblioteca Digital Mundial, está também utilizando informações do texto de apoio, mas, agora, não de forma direta. O autor utilizou a informação de maneira inteligente, apenas para exemplificar a sua opinião. Não houve transcrição do texto de apoio, apenas apresentação de uma informação.
Ao final do parágrafo, no entanto, percebe-se o mesmo que aconteceu no anterior: transcrição direta do texto de apoio – depoimento de Zygmunt Bauman. Reforço: isso não deve ser feito em provas de vestibular. Nesse caso, o autor conseguiu uma boa nota, porém, trata-se de uma estratégia muito arriscada.
Vale ressaltar, entretanto, que somente demonizar a internet seria uma postura injusta e unilateral. Por meio dela, muitos dados valiosos chegam ao alcance das mais variadas populações, como, por exemplo, com a criação da Biblioteca Digital Mundial, uma iniciativa da ONU da qual o Brasil fara parte. O acervo digital contará com mapas, fotografias, manuscritos e textos em sete idiomas. Em tempo, a internet – devido a sua agilidade – é o único meio de comunicação atual capaz de administrar a dinamicidade com que as notícias surgem ao redor do mundo. De acordo com Zygmunt Bauman, em seu ensaio a respeito da modernidade líquida: “...a transmissão das notícias é a celebração constante e diariamente repetida da enorme velocidade da mudança...”.

Conclusão: reafirmar a ideia da frase-guia, apresentada na segunda etapa da introdução: a internet pode ser boa ou ruim, dependendo do uso que se faz dela. O importante é que as pessoas saibam separar o que presta e o que não presta na rede.
Como já afirmei aqui, o final do texto foi interessante e deu um toque criativo à redação.
Discutir a validade do mundo virtual como meio de propagação de conhecimento não se mostra o mais adequado para o momento, dado que a tendência da internet é cada vez angariar mais usuários. Sensato seria garantir instrução suficiente às crianças e aos jovens para que eles, por conta própria, pudessem desenvolver mecanismos de seleção de tudo aquilo que recebem do meio externo. Dessa forma, informações falsas ou caluniosas seriam automaticamente arrastadas para a lixeira.


Gostei bastante desse texto, mas ainda quero fazer mais algumas considerações para completar a análise. Mas isso, na próxima postagem.
Até lá!
Bons estudos!

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