terça-feira, 4 de outubro de 2011

Mais uma redação para análise

Nessa postagem, a redação; na próxima, os comentários.

Tema: A influência da globalização na cultura brasileira
                                       
                                                        Diversidade não é anulação

            Há certo radicalismo quando se fala em globalização e cultura nacional, pois existe a crença de que, por meio desse processo, a identidade de um povo pode ser deteriorada. No Brasil, citam-se as transformações linguísticas, o alto número de emigrantes e a influência musical, principalmente a norte-americana, como consequências nocivas da globalização. Trata-se de uma visão equivocada, e a superficialidade desse pensamento pode ser comprovada quando se analisa a questão de maneira mais complexa.
            A língua falada em um país é uma das principais manifestações da identidade de um povo. E muitos consideram que o contato com produtos importados, com tecnologias estrangeiras tem sido danoso porque o brasileiro estaria substituindo vocábulos próprios pelos estrangeiros. A influência linguística existe, mas não deve ser considerada boa nem ruim, apenas uma consequência natural, pois a língua se transforma ao longo do tempo. A palavra deletar, por exemplo, que foi incorporada ao vocabulário português, não deve ser entendida como uma anulação identitária, mas como uma assimilação natural.
            Da mesma forma, tendo em vista a situação precária de muitos brasileiros devido ao quadro social do país, não se pode dizer que as pessoas estão procurando viver em outros locais por conta da globalização. Não há relação de causa e efeito quanto a isso, pois se há, no Brasil, o desejo de emigrar é porque as pessoas estão procurando melhores condições de vida, o que, infelizmente, o Brasil não pode garantir a muitos.
            Deve-se, portanto, entender as possibilidades oferecidas pela globalização como naturais. Na música, por exemplo, não dá para dizer que a influência do jazz foi ruim para a Bossa Nova. Frank Sinatra e Tom Jobim, há pouco mais de cinquenta anos, fizeram uma parceria e não houve anulação cultural para nenhuma das partes. Hoje, no Brasil, temos samba e música eletrônica, temos um Rock in Rio com Axé e Stevie Wonder. Isso é a prova de que a globalização gerou diversidade e não substituição.
            As trocas culturais que estão ocorrendo no mundo moderno influenciam sim a identidade cultural brasileira, mas de forma alguma essa influência deve ser vista como prejudicial. O brasileiro não abriu mão de seu país, de sua música, de sua língua porque tem contato estreito com outras culturas. Pelo menos, em se tratando de identidade cultural, diversidade não significou anulação.

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