Como sabemos, na
maioria dos processos seletivos, uma das etapas de avaliação é a produção
textual. Nada mais justo, uma vez que é por meio da escrita que os avaliadores
conseguirão identificar se o candidato ao cargo conhece as normais gramaticais,
domina a ortografia e consegue se expressar de forma clara.
Há empresas que
fazem até ditados para saber como é a escrita dos candidatos. Eu não acho isso
muito válido, pois esse tipo de teste só demonstra o conhecimento da pessoa
em ortografia, e dominar a ortografia não tem nada a ver com escrever bem.
Já participei
como avaliadora de redações em alguns processos seletivos de grandes empresas e
nunca achei a ortografia o principal problema. Os candidatos reprovados, em
geral, são aqueles que não produzem textos fluidos. Sabe aquele texto que a
gente tem que ler mais de uma vez para compreender? Então... Esses sim são
textos ruins.
As redações de
processos seletivos, na maior parte das vezes, têm as seguintes abordagens:
1.Produção de apresentação – o famoso tema
“Quem sou eu?”.
Muitos alunos
que estão estudando para concursos e vestibulares têm dúvidas sobre a
pessoalidade nesse tipo de produção. As pessoas aprendem que as dissertações
devem ser escritas em terceira pessoa e acham que devem fazer o mesmo ao falar
de si. Não! Se você precisa se apresentar, falar da sua experiência, dos seus
planos, deve usar o EU, sem problema nenhum.
Em redações
desse tipo, você pode falar sobre a sua experiência profissional, sobre o
motivo de você querer trabalhar na empresa, explicar de que forma você acha que
contribuiria com a instituição etc. Questões pessoais também podem ser
expostas, desde que não seja o foco da produção. Coloco, ao final, um exemplo
de uma redação desse tipo.
2. Produção dissertativa-argumentativa sobre
temas gerais.
Considerando a
minha experiência nos processos de seleção, percebo que as empresas gostam de
propor temas que relacionem trabalho e vida pessoal. Por exemplo: “Produza uma
dissertação em que você explicite a importância do lazer para a vida
profissional”. Ou “Fazer o que gosta ou gostar do que faz? O que é mais
importante?” e por aí vai.
Para esse tipo
de tema, deve-se seguir a estrutura que já conhecemos, com
Introdução,
Desenvolvimento, Conclusão, apresentação da tese e argumentos.
Apresento, a
seguir, uma redação baseada na abordagem 1 – Redação “Quem sou eu”. Todos os
dados são inventados e servem apenas para que vocês tenham uma ideia de como
construir o texto.
Ao ler a
redação, vocês vão perceber que eu selecionei três tipos de informações:
formação, experiência e interesse pela vaga. Fiquem atentos à estrutura do
texto. Na Introdução, após breve apresentação, eu falei sobre esses três
aspectos de maneira generalizada. No segundo parágrafo eu abordei a formação de
maneira mais detalhada, no terceiro, falei sobre a minha experiência e, no
último, expliquei por que sou uma boa candidata ao cargo oferecido pela
empresa.
Vejam, então,
que, apesar de não se tratar de uma redação voltada para concursos públicos ou
vestibulares, a organização do texto foi bem parecida com o que fazemos nesses
exames.
Considero essa
organização muito importante, pois o avaliador, além de entender quem é você
profissionalmente, verá que você consegue construir um texto de apresentação de
maneira fluida e estruturada. Um candidato à vaga que seja até bem mais
qualificado do que você pode, facilmente, não conseguir a vaga se construir uma
redação difícil de entender. Já vi isso acontecendo algumas vezes.
Vamos ao texto!
Espero que ajude...
Chamo-me Martha de Araújo Santana, tenho 30 anos e atuo na área de
Administração há cinco anos. Tanto a
minha formação quanto as instituições e as pessoas com as quais pude trabalhar
até o momento tiveram importância significativa para que eu me tornasse a
profissional que sou hoje, com bom conhecimento teórico e bastante vivência
administrativa. Atuar no setor de treinamento da empresa JWI Brasil constitui
um passo importante em minha carreira, pois, além do aprendizado inerente à
função, poderei oferecer ao time a minha experiência e contribuir com o sucesso
do grupo.
Sou graduada em Administração de empresas pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro, tendo concluído o curso em 2000. Neste mesmo ano, iniciei o MBA
em Gestão de Projetos na Fundação Getúlio Vargas. Cursar o MBA no mesmo momento
em que iniciava minha atuação na área foi importante, pois pude desenvolver
toda a teoria que estava estudando de forma prática na instituição da qual
fazia parte. Desde o período da graduação, também tive a oportunidade de fazer
alguns cursos importantes para o meu desenvolvimento profissional na área
administrativa, como Inglês para negócios, gestão de pessoas entre outros.
Trabalhei por dois anos no setor de Recursos Humanos de uma empresa de
turismo que, apesar de ser de pequeno porte, me possibilitou o primeiro contato
com a área de treinamento. Fiquei responsável por desenvolver, junto à equipe
já existente, um curso de reciclagem para os antigos colaboradores. Atuar com
profissionais tão competentes me fez aprender muito e despertou ainda mais meu
interesse pela área. Em seguida, passei por mais duas organizações, onde pude
trabalhar tanto com gestão de pessoas quanto na área de treinamento e
desenvolvimento, em alguns dos projetos dessas empresas.
A oportunidade de atuar na empresa JWI Brasil vai ao encontro do que vivi
até hoje, uma vez que, tendo um setor de treinamento bem estruturado, poderei executar
as atividades inerentes à função de maneira consistente. Considero o meu perfil
adequado à empresa e à função, pois gosto de trabalhar com pessoas e possuo
vivência diversificada em treinamentos. Unir o meu conhecimento na área
administrativa à experiência que tenho com Treinamento e Desenvolvimento é o
que busco para a minha vida profissional.
E aí? Gostaram
da redação “Quem sou eu”? Se já fizeram alguma desse tipo, escrevam aqui nos
comentários quais foram as suas dificuldades.
Um abraço.
Lygia
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