sábado, 18 de julho de 2015

Como e o que escrever em uma redação para processos seletivos?


Como sabemos, na maioria dos processos seletivos, uma das etapas de avaliação é a produção textual. Nada mais justo, uma vez que é por meio da escrita que os avaliadores conseguirão identificar se o candidato ao cargo conhece as normais gramaticais, domina a ortografia e consegue se expressar de forma clara.

Há empresas que fazem até ditados para saber como é a escrita dos candidatos. Eu não acho isso muito válido, pois esse tipo de teste só demonstra o conhecimento da pessoa em ortografia, e dominar a ortografia não tem nada a ver com escrever bem.

Já participei como avaliadora de redações em alguns processos seletivos de grandes empresas e nunca achei a ortografia o principal problema. Os candidatos reprovados, em geral, são aqueles que não produzem textos fluidos. Sabe aquele texto que a gente tem que ler mais de uma vez para compreender? Então... Esses sim são textos ruins.

As redações de processos seletivos, na maior parte das vezes, têm as seguintes abordagens:

1.Produção de apresentação – o famoso tema “Quem sou eu?”.

Muitos alunos que estão estudando para concursos e vestibulares têm dúvidas sobre a pessoalidade nesse tipo de produção. As pessoas aprendem que as dissertações devem ser escritas em terceira pessoa e acham que devem fazer o mesmo ao falar de si. Não! Se você precisa se apresentar, falar da sua experiência, dos seus planos, deve usar o EU, sem problema nenhum.
Em redações desse tipo, você pode falar sobre a sua experiência profissional, sobre o motivo de você querer trabalhar na empresa, explicar de que forma você acha que contribuiria com a instituição etc. Questões pessoais também podem ser expostas, desde que não seja o foco da produção. Coloco, ao final, um exemplo de uma redação desse tipo.

2. Produção dissertativa-argumentativa sobre temas gerais.

Considerando a minha experiência nos processos de seleção, percebo que as empresas gostam de propor temas que relacionem trabalho e vida pessoal. Por exemplo: “Produza uma dissertação em que você explicite a importância do lazer para a vida profissional”. Ou “Fazer o que gosta ou gostar do que faz? O que é mais importante?” e por aí vai.

Para esse tipo de tema, deve-se seguir a estrutura que já conhecemos, com 
Introdução, Desenvolvimento, Conclusão, apresentação da tese e argumentos.

Apresento, a seguir, uma redação baseada na abordagem 1 – Redação “Quem sou eu”. Todos os dados são inventados e servem apenas para que vocês tenham uma ideia de como construir o texto.

Ao ler a redação, vocês vão perceber que eu selecionei três tipos de informações: formação, experiência e interesse pela vaga. Fiquem atentos à estrutura do texto. Na Introdução, após breve apresentação, eu falei sobre esses três aspectos de maneira generalizada. No segundo parágrafo eu abordei a formação de maneira mais detalhada, no terceiro, falei sobre a minha experiência e, no último, expliquei por que sou uma boa candidata ao cargo oferecido pela empresa.

Vejam, então, que, apesar de não se tratar de uma redação voltada para concursos públicos ou vestibulares, a organização do texto foi bem parecida com o que fazemos nesses exames.

Considero essa organização muito importante, pois o avaliador, além de entender quem é você profissionalmente, verá que você consegue construir um texto de apresentação de maneira fluida e estruturada. Um candidato à vaga que seja até bem mais qualificado do que você pode, facilmente, não conseguir a vaga se construir uma redação difícil de entender. Já vi isso acontecendo algumas vezes.

Vamos ao texto! Espero que ajude...

Chamo-me Martha de Araújo Santana, tenho 30 anos e atuo na área de Administração há cinco anos.  Tanto a minha formação quanto as instituições e as pessoas com as quais pude trabalhar até o momento tiveram importância significativa para que eu me tornasse a profissional que sou hoje, com bom conhecimento teórico e bastante vivência administrativa. Atuar no setor de treinamento da empresa JWI Brasil constitui um passo importante em minha carreira, pois, além do aprendizado inerente à função, poderei oferecer ao time a minha experiência e contribuir com o sucesso do grupo.

Sou graduada em Administração de empresas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tendo concluído o curso em 2000. Neste mesmo ano, iniciei o MBA em Gestão de Projetos na Fundação Getúlio Vargas. Cursar o MBA no mesmo momento em que iniciava minha atuação na área foi importante, pois pude desenvolver toda a teoria que estava estudando de forma prática na instituição da qual fazia parte. Desde o período da graduação, também tive a oportunidade de fazer alguns cursos importantes para o meu desenvolvimento profissional na área administrativa, como Inglês para negócios, gestão de pessoas entre outros.

Trabalhei por dois anos no setor de Recursos Humanos de uma empresa de turismo que, apesar de ser de pequeno porte, me possibilitou o primeiro contato com a área de treinamento. Fiquei responsável por desenvolver, junto à equipe já existente, um curso de reciclagem para os antigos colaboradores. Atuar com profissionais tão competentes me fez aprender muito e despertou ainda mais meu interesse pela área. Em seguida, passei por mais duas organizações, onde pude trabalhar tanto com gestão de pessoas quanto na área de treinamento e desenvolvimento, em alguns dos projetos dessas empresas.

A oportunidade de atuar na empresa JWI Brasil vai ao encontro do que vivi até hoje, uma vez que, tendo um setor de treinamento bem estruturado, poderei executar as atividades inerentes à função de maneira consistente. Considero o meu perfil adequado à empresa e à função, pois gosto de trabalhar com pessoas e possuo vivência diversificada em treinamentos. Unir o meu conhecimento na área administrativa à experiência que tenho com Treinamento e Desenvolvimento é o que busco para a minha vida profissional.

E aí? Gostaram da redação “Quem sou eu”? Se já fizeram alguma desse tipo, escrevam aqui nos comentários quais foram as suas dificuldades.

Um abraço.

Lygia 

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